segunda-feira, 18 de março de 2013

Secretário da Agricultura avalia o momento agropecuário no Estado
O secretário estadual de Agricultura, Pecuária e Agronegócio, Luiz Fernando Mainardi, avaliou a situação das políticas de incentivo e o momento atual das cadeias produtivas primárias no Rio Grande do Sul.
O Secretário concedeu entrevista exclusiva na sede do Jornal Minuano, em Bagé. Para Mainardi, o momento é promissor no Estado e cita três fatores que influenciaram.
O primeiro e mais importante, é o clima de entendimento entre o conjunto de setores que compõe as cadeias produtivas e o governo. “O executivo está colocando o Estado em primeiro lugar”, afirma. De acordo com o secretário, a relação dos governos estadual e federal é construtiva e tem trazido benefícios e vantagens, e, com isso, os gaúchos estão conquistando muitos recursos para o setor primário.
Outro fator citado por Mainardi, é a colocação de dinheiro federal nas lavouras. Cerca de R$1,2 bilhão foram disponibilizados para amenizar os problemas da crise na orizicultura, através de mecanismos que permitiram exportar a produção. Anteriormente o preço não era competitivo e com o Prêmio de Escoamento da Produção (PEP), houve a garantia de um preço de referência ao produtor e às cooperativas e, ao mesmo tempo, assegurou o escoamento da produção, onde foi possível vender dois milhões de toneladas de arroz. “O mecanismo enxugou o mercado e recuperou os preços, além de equacionar o endividamento dos produtores”, destaca.
O terceiro fator destacado pelo secretário foi que o clima propiciou a segunda maior safra de grãos do estado chegando a 27 milhões de toneladas. Além disso, a alta dos produtos agrícolas, como a carne, o fumo, o leite, milho, soja e arroz, isso quer dizer que o Produto Interno Bruto do Rio Grande do Sul aumentou. “Os economistas estimam que o PIB gaúcho será o dobro do brasileiro e esses três fatores confirmam que o Estado está vivendo um momento extraordinário”, ressalta.

Biodisel
Para Mainardi é preciso exportar algumas culturas gaúchas, mas não produtos in natura e sim transformados. Ele cita como exemplo, o biodisel. “O biodisel uma vez extraído o óleo sobra o farelo, que é o segundo principal componente da ração de suínos aves e gados de leite”. Outro fato destacado pelo secretário é o aumento do percentual de biodisel no combustível. Hoje o produto vendido no Brasil possui 5% de biodiesel e 95% de diesel (B5). “A luta que estamos travando é para aumentar de 5% para 7%. O fato trará várias vantagens e quem ganha é o pequeno produtor”. Segundo ele, o biodisel foi um produto criado pelo ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, que tinha várias exigências, entre elas, a compra da soja com preço elevado dos pequenos produtores. “A venda dos animais também seria propiciada na cadeia porque gera ICMS para o Estado”. O secretário diz que R$ 200 milhões do ICMS são advindos do biodisel. “Se aumentarmos em 40% o percentual de adição no diesel, o aumento será de R$ 80 milhões no ICMS”, projeta.
Atualmente são esmagadas quatro milhões de toneladas de soja no Estado e com o aumento do percentual passaria para 5,6 milhões. “Desta forma defenderemos a principal cultura que é a soja”, enfatiza

Usinas
Mainardi informa que o Estado produz 32% do biodisel do país em 11 usinas utilizando 70% da capacidade. No caso de ampliar o percentual, as usinas também aumentariam as instalações porque o esmagamento não é complexo e nem tão caro. “Com isso, também aumentaria a venda de suínos e frangos porque terá mais milho e soja sendo transformada em ração”, ressalta.

Ovinicultura
O primeiro programa implantado pelo governo do Estado foi o mais ovinos. Conforme o secretário, a ação conseguiu estagnar o abate de fêmeas que foi superior em 2010. Até hoje foi recuperado 300 mil ovinos, a meta para os próximos dois anos é recuperar 20% do rebanho. “É difícil, ovelha não é porca que dá cria três vezes por ano”, brinca. Hoje a produção de ovinos no estado é de quatro milhões de cabeças e quando iniciou o programa era de 3,7 milhões. Também foram disponibilizadas capacitações para os produtores. “O governo está importando uma máquina da Austrália para medir espessura da lã que vai ajudar no desenvolvimento genético de reprodutores”, conta.

Pecuária
Depois de dois anos incluindo no orçamento federal sem obter retorno, o governo do Estado irá investir em rastreabilidade priorizando a gestão nas propriedades. “Os custos serão cobrados através de uma taxa sobre o animal abatido”, informa. De acordo com o secretário ainda não foi definido os valores que serão investidos.

Modernização do sistema
A modernização das inspetorias veterinárias é outro investimento do executivo gaúcho. Conforme Mainardi R$ 60 milhões serão concedidos para o órgão. Também afirma que haverá concurso para suprir a demanda e serão disponibilizadas capacitações para os servidores. O secretário falou também sobre o Programa Estadual de Incremento da Qualidade Genética da Pecuária de Carne e Leite (Dissemina), que busca o melhoramento genético dos rebanhos de propriedades da pecuária familiar e sobre políticas para a erradicação da tuberculose e brucelose bovina. “Em breve lançaremos o programa produtor on-line que irá disponibilizar guias de transferência animal via internet”, salienta.

Acacicultura
Uma das reclamações dos produtores de acácia e a transferência do tema que hoje é tratado no Meio Ambiente para a Secretaria de Agricultura. De acordo com Mainardi, as florestas plantadas são tratadas como tema ambiental e é preciso licença para produzir e com a mudança, as florestas serão tratadas como lavoura. O problema é que o governo cobra licença ambiental das madeireiras porque é lei, e dos 35 mil plantadores no estado, somente 200 tem a liberação. “Se as madeireiras comprarem o produto sem licença são multadas. Com a transferência de órgão o processo será agilizado”, disse.

Leite
Em abril será lançado o Fundoleite para elaborar e implementar políticas de fortalecimento da cadeia produtiva do leite e anunciar investimento em torno de R$ 500 milhões para o setor. “Queremos dobrar a produção no Estado”, ressalta. Conforme a previsão do governo, em 10 anos a produção do leite estará em 20 milhões de litros por dia sendo cinco milhões para o consumo e 15 milhões para a fabricação de produtos lácteos para comercializar dentro do país e no exterior “Seremos o primeiro estado a ter uma forte política de exportação e propriedade com certificação de tuberculose e brucelose”, afirma.

Armazenamento de grãos
De acordo o secretário, o tema armazenamento vem sendo discutido no Ministério da Agricultura. Ele comenta que o Brasil tem uma defasagem de armazenamento em torno de 40% enquanto no Rio Grande do Sul gira em torno de 10%. Mainardi comenta que o ideal seria ter uma capacidade superior de armazenamento em tordo de 120% da produção. Para isso, o Instituto Riograndense do Arroz e a Emater estão incentivando os produtores a armazenarem em suas propriedades. “Hoje já há tecnologia para isso e os dois órgãos estão capacitando e estimulando os produtores a aderirem o sistema”, comenta.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário