domingo, 10 de março de 2013


Preços do arroz em casca seguem em queda


Preços do arroz em casca seguem em queda

Na mesma proporção em que avança a colheita de arroz no Rio Grande do Sul, que já chega a 15%, segundo a Emater/RS, com mais 34% da lavoura pronta para ser colhida, os preços de mercado da saca do grão em casca seguem em queda, por conta da maior disponibilidade para comercialização. No acumulado de fevereiro, o Indicador do Arroz em Casca Esalq/Bolsa Brasileira de Mercadorias-BM&FBovespa (Rio Grande do Sul, 58% de grãos inteiros) caiu 4,7%. As primeiras lavouras colhidas apresentaram, principalmente nas regiões da Campanha e Fronteira Oeste, grãos falhados por conta de baixas temperaturas noturnas na fase de floração, ainda assim a produtividade está muito próxima da média gaúcha nos últimos cinco anos.

Na Depressão Central, o problema é a doença fúngica brusone, que causou danos ainda não contabilizados, mas visíveis, em muitas lavouras. As lavouras do tarde também estão enfrentando problemas com o frio noturno da segunda quinzena de fevereiro e início de março. Nota-se, em geral, uma cor “laranja-avermelhada” nas lavouras que estão chegando ao ponto de colheita.

Os produtores que colheram no cedo – até 8 ou 10% da área colhida no RS – ainda conseguiram boa negociação pelo arroz, com preços médios de R$ 34,00 colocado na cooperativa ou indústria, o que cobre o custo médio de R$ 30,00 e permite o giro do capital e o pagamento de contas mais urgentes. Quem plantou soja na época correta e está confirmando uma boa colheita, também deve ampliar a renda, pois há contratos antecipados de venda remunerando na faixa de R$ 60,00 a R$ 63,00 nas indústrias e cooperativas da Depressão Central. Isso permite jogar a comercialização do arroz para depois de julho. A liberação de EGFs e custeio de pré-comercialização também são mecanismos importantes neste momento para não deixar que os preços do arroz desvalorizem excessivamente.

Nesta quinta-feira, dia 7 de março, o Indicador do Arroz em Casca Esalq/Bolsa Brasileira de Mercadorias-BM&FBovespa (Rio Grande do Sul, 58% de grãos inteiros) registrou preço médio de R$ 32,20 no RS, com desvalorização de 1,65%. O valor, pelo câmbio do dia, equivale a 16,42 dólares, o mais baixo do ano. No Litoral Norte gaúcho, as cotações para as variedades nobres (64x6) ficam entre R$ 35,00 e R$ 36,00 e na região de São Borja, entre R$ 33,00 e R$ 34,00 para o a saca acima de 60% de grãos inteiros.

A expectativa do setor é de que os preços ainda caiam mais, até o piso de R$ 30,00 no “grosso” da safra, na segunda quinzena de março e início de abril, mas ensaie uma recuperação a partir do final de maio. Há muito ainda o que ficar claro nesta colheita, como por exemplo o nível de quebra provocada pelo frio no RS e em Santa Catarina, e os casos de brusone ou danos por fenômenos meteorológicos.

As entidades arrozeiras estão recomendando que os produtores procurem negociar até maio/junho a soja e o milho, para quem os cultiva em sistema de rotação de culturas em várzea e terá uma colheita satisfatória, segurando o arroz para comercializar a partir de junho/julho, quando os preços devem estar melhores. Todavia, é preciso estar alerta. Exatamente neste período há o vencimento dos custeios e uma natural pressão de oferta que pode afetar, também, os preços.

SAFRA

O sexto levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra brasileira 2012/13 de arroz indica produção de 12,050 milhões de toneladas, o que representa um acréscimo de 3,9% sobre as 11,599 milhões de toneladas colhidas no ciclo 2011/12. No quinto levantamento, eram esperadas 12,033 milhões de toneladas. A área plantada com arroz na temporada 2012/13 é estimada em 2,418 milhões de hectares, com pequena queda referente aos 2,426 milhões semeados na temporada passada. A produtividade das lavouras cresceu 4,2%, segundo a Conab, e foi estimada em 4,982 mil quilos por hectare.

Segundo o prognóstico da Conab, o Rio Grande do Sul, principal produtor nacional, terá uma safra de 8,026 milhões de toneladas, equivalendo a um avanço de 3,7%, colhidos em uma área de 1,066 milhão de hectares. A produção, portanto, aumentará 1,3%, com a expectativa de um rendimento de 7.525 quilos por hectare, ou 175 kg/ha a mais.

Em Santa Catarina, a Conab registra um recuou de 1,5%, totalizando de 1,061 milhão de toneladas colhida, que mantém este estado como segundo maior produtor nacional de arroz. O Maranhão passa pelo Mato Grosso e assume o posto de terceiro maior produtor brasileiro do cereal, com uma safra de 661,8 mil toneladas, quase 200 mil toneladas acima das 467,7 mil/t colhidas em 2011/12, quando a estiagem fez grandes estragos na produção estadual. O Mato Grosso será o quarto maior produtor de arroz, depois de já ter ocupado a segunda posição e ter sido considerado uma ameaça à hegemonia gaúcha. A valorização das culturas do milho e da soja, e a tecnologia para plantio direto em sucessão e rotação de culturas, determina essa nova realidade. 

COMERCIALIZAÇÃO

Já se pode ver filas de caminhões de arroz nos silos de indústrias e cooperativas gaúchas, o que indica que alguns produtores estão depositando ou comercializando seu cereal. Quem comercializou até o final de fevereiro, ainda conseguiu preços de até R$ 34,00 pela saca de arroz colocada na indústria. Depois disso os preços começaram a cair de forma mais acentuada. Alguns fatores preocupam e podem afetar negativamente o mercado. O primeiro deles é a disputa por espaço entre o arroz e a soja – que terá uma das melhores safras da história no Rio Grande do Sul, no Porto de Rio Grande.

Agentes de exportação estão reclamando das dificuldades de encontrar espaço para fechar contratos para os próximos meses pela indisponibilidade de espaço para o arroz, uma vez que a prioridade serão os volumosos embarques de soja para o exterior. Isso poderá afetar ao mercado interno, uma vez que o primeiro semestre, até em função dos preços menores e da maior oferta, é o grande momento das vendas externas do Brasil. E a exportação, atualmente, é fundamental para a recuperação e a estabilidade de preços internos no segundo semestre.

O Boletim do Copom, anunciado esta semana, mantendo a taxa básica de juros em 7,25%, também traz uma ameaça indireta ao arroz. O relatório indica uma possível elevação dos juros dentro de três meses, mediante o comportamento da inflação, principalmente dos alimentos. Ou seja, haverá pressão para manter os gêneros da cesta básica baratos nos próximos meses, o que indicar uma antecipação da entrada da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ofertando arroz de seus estoques, se os preços médios do mercado forem considerados acima do interesse do governo e ameaçarem, de alguma forma, as metas de inflação.

MERCADO

A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica preços médios de R$ 32,00 para a saca de arroz de 50 quilos (58x10), em casca, no Rio Grande do Sul, com queda de 1,5% na semana. Para o grão beneficiado, em sacas de 60 quilos, a referência são estáveis R$ 67,00 (FOB/RS). Os quebrados de arroz tiveram estável nos últimos 10 dias: o canjicão se mantém cotado a R$ 36,50 (60kg/FOB). Também em sacas de 60 quilos (FOB), a quirera de arroz é cotada a R$ 34,00 no Rio Grande do Sul, com preço estável, e o farelo de arroz (FOB/Arroio do Meio) manteve-se em R$ 370,00 a tonelada.

FONTE: www.agrolink.com.br

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