terça-feira, 26 de fevereiro de 2013


Bagé se prepara para safra histórica de soja

Em um momento que se mostra histórico para a produção de soja no Brasil, visto que a perspectiva para a safra 2012/13 é de 83,50 milhões de toneladas, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a cultura redesenha os campos e projeta o país como o primeiro em produção e exportação da cultura.
No Rio Grande do Sul a área estimada com plantio de soja seria de 4,4 milhões de hectares, como aponta estudos da Emater/RS Ascar. Na região atendida pelo Núcleo do IRGA em Bagé, a estimativa da área é de 75 mil hectares. Conforme o escritório municipal da Emater, na área física de Bagé seriam 30 mil hectares plantados com soja, quantidade que é o dobro da safra passada.
A chefe do IRGA em Bagé, Raquel Taschetto, destaca que a situação das lavouras de soja está favorável pelas chuvas frequentes. O chefe do escritório municipal da Emater, Eloí Pozzer, alerta para o volume de chuvas, que, se forem volumosas, poderão ser prejudiciais para a soja plantada em áreas de várzea.
De acordo com a Emater, em seu levantamento conjuntural, cerca de 97% das lavouras gaúchas estão na fase de floração/formação de grãos, o que é considerada uma fase crítica quanto à deficiência hídrica para a soja. Para a colheita, Eloí Pozzer ressalta que há perspectivas de uma excelente safra. A colheita da soja começa após a do arroz, principalmente entre os meses de abril e maio.

Rotação com a cultura orizícola
Com cenário favorável para a cultura da soja, o ingresso da oleaginosa em áreas de plantio de arroz ganhou mais espaço em relação ao ano passado. Dados do IRGA apontam que 25% da área plantada com arroz ocorre em rotação da cultura com a soja. No total são 250 mil hectares de soja plantada em áreas de várzea, montante que chega a 50 mil hectares a mais do que em 2012.
A rotação com o arroz, além de ser favorável do ponto de vista econômico, pelo aumento de produtividade, também auxilia no combate às pragas como a do arroz vermelho.

Negócio de família, Rodrigo Pilon comenta que há 18 anos a família trabalha com soja em áreas de arroz. Produzindo juntamente com a mãe Verany Pilon e o irmão Gustavo Pilon, Rodrigo observa o cenário atual como altamente positivo. A rentabilidade varia pela produtividade de cada um, contudo a soja é mais uma atividade econômica no meio rural, minimizando os riscos na produção agropecuária como aponta o produtor. “A soja, no princípio, era vista como uma cultura marginal aqui em nossa região. Porém, com o melhoramento genético, técnicas e operações de manejo, nós observamos que a cultura tem sido um grande negócio para os produtores”, afirma. Segundo Rodrigo Pilon, a rotação com o arroz já é realizada há anos pela família, que destina uma percentagem de área para a soja. “Nos últimos anos, em virtude de baixo armazenamento hídrico nos anos anteriores, diminuímos a área de arroz e aumentamos a área de soja, mas nós trabalhamos com uma divisão racional entre as culturas, integrando também a pecuária”, comenta.

Integração entre culturas que gera benefícios para a pecuária. Segundo Eloí Pozzer, um sistema de integração lavoura-pecuária organizado favorece na alimentação dos animais em períodos críticos como no inverno. Com o aumento da área plantada com soja, haverá um melhor rendimento para a pecuária, isso porque após a colheita da oleaginosa há a possibilidade de oferta de uma pastagem de qualidade para os animais. “Essa área plantada dará maior eficiência para a pecuária, pois o grande limitante sempre foi a redução de pastagens no inverno; com a soja, haverá uma maior eficiência. Esse é um diferencial que teremos na pecuária de nossa região, com uma maior lotação de bovinos nos campos”, disse.

Elevação do PIB

O chefe do escritório municipal da Emater, Eloí Pozzer, que também tem formação em economia, confirma a expectativa de bom movimento financeiro para Bagé e região através do aumento de áreas plantadas com soja. “Eu acredito que o Produto Interno Bruto (PIB) de Bagé vai se elevar com esse movimento agropecuário”, afirma o extensionista sobre a introdução de mais áreas com o plantio da oleaginosa, proporcionando reflexos em setores econômicos da cidade. “Em lavouras, basicamente, nossa produção se concentrava com o arroz e agora com a soja haverá uma elevação no PIB e isso é muito positivo porque sabemos que a economia de Bagé é baseada em comércios e serviços, mas ele é mantido pela produção primária”, destaca.

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