sexta-feira, 25 de janeiro de 2013


Quebra na safra/2012 obriga empresas gaúchas a buscar soja fora do RS

Companhias de rações, óleos e biodiesel estão comprando matéria-prima em outros Estados mais de 200 caminhões fazem fila no pátio da empresa Olfar, em Erechim, para entregar grão comprado do 

Para conseguir dar conta da produção, empresas gaúchas de rações, óleos e biodiesel estão recorrendo a outros Estados para a compra da soja. Só de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul serão pelo menos 400 mil toneladas de grão e de farelo entre dezembro de 2012 e março deste ano, segundo dados da União Brasileira de Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio). A medida, pouco habitual, se tornou necessária devido à quebra de 43% na safra passada. Neste momento, o grão é adquirido principalmente de Estados onde a colheita já começou. Apesar da falta de matéria-prima e da alta no custo de produção, os preços dos derivados de soja devem se manter estáveis, garantem representantes da indústria.

– A compra vem ajudando a salvaguardar as cadeias de carnes, especialmente aves e suínos – observa Irineu Boff, vice-presidente da Ubrabio.
Guilherme Weschenfelder, diretor comercial da Olfar, indústria de óleo vegetal e biodiesel de Erechim, explica que a empresa importou até 30% do volume utilizado em novembro e dezembro, mas ainda assim precisou reduzir a capacidade de processamento de 1,5 mil toneladas de soja para 900 toneladas por dia. E reforçou as compras: entre janeiro e fevereiro, 40 mil toneladas de soja estão sendo adquiridas de Mato Grosso.
– O faturamento deve cair em 40% e o custo industrial ficará até 15% mais alto em virtude da produção menor – explica Weschenfelder.
Quem conseguiu comprar dentro do Estado, como a fábrica de rações da Cotrijal, na região norte, está pagando mais caro. A indústria consome 250 toneladas por mês e conseguiu manter seu estoque a partir das propriedades associadas à cooperativa. Com bom preço e pagamento garantido, os agricultores preferiram negociar com a Cotrijal a vender antecipadamente.
– Pagávamos R$ 900 a tonelada em maio do ano passado e hoje estamos comprando por R$ 1,1 mil – afirma o coordenador-geral da fábrica de rações, Alexandre Billig.
A Camera, com sede em Santa Rosa, processa 5 mil toneladas por dia de soja e também precisou buscar grão no Centro-Oeste. Serão 140 mil toneladas entre janeiro e fevereiro.
– Quem perde é o Estado, no ICMS do produto. Por outro lado, a produção interna se mantém e os insumos comercializados também – afirma Júnior Rosa de Almeida, gerente de operações.
Falta de chuva poderá comprometer resultado
Para o presidente da Associação dos Produtores de Soja do Estado (Aprosoja-RS), Ireneu Orth, além da quebra na safra passada, a venda antecipada da produção – impulsionada pela alta cotação da soja – contribuiu para a menor oferta. Mas a previsão de uma safra recorde de 12,19 milhões de toneladas de soja para o ciclo atual não é garantia de que o produto não voltará a faltar. Sem chuva há mais de 15 dias, algumas regiões já começam a temer novos prejuízos.– avalia José Eduardo Santos, diretor executivo da Associação Gaúcha de Avicultura.
– Não temos soja garantida, precisamos de mais chuva – diz Orth.
Por enquanto, a compra de soja de fora não deve mexer com o preço de produtos como carne e leite.
– Se as indústrias reduzirem a oferta, ou se subir o preço da a soja, teremos de repassar o custo para o produto final. Mas, salvo mudança climática repentina, o preço está estável e não deve haver repercussão para o produtor – avalia José Eduardo Santos, diretor executivo da Associação Gaúcha de Avicultura.
FONTE: www.zerohora.com

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