quinta-feira, 24 de janeiro de 2013


Agricultura: Uso indiscriminado de agrotóxicos é problema em todo o Estado

Engenheiro agrônomo da, José Álvaro Pacheco
Engenheiro agrônomo José Álvaro Pacheco esclarece a importância do uso controlado
 A população mundial encontra-se em processo de crescimento acelerado e este fato, traz consigo vários problemas, sendo um deles o exagerado uso de produtos químicos, agrotóxicos e/ou fertilizantes nas lavouras, tudo para garantir grande produção ou o controle de pragas.
Conforme o engenheiro agrônomo da, José Álvaro Pacheco assim como em todo o Estado, o uso de agrotóxicos na região noroeste do RS é bastante alto e vem crescendo ainda mais ao longo dos últimos dez anos. “Segundo informações da Embrapa, se considerado os últimos 40 anos, o uso de agrotóxicos cresceu nove vezes mais que a produção agrícola neste período”.
Em volumes totais, segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag), a cultura da soja é a que mais consome químicos, representando 32% de todo o ingrediente ativo de agrotóxicos consumidos no Brasil, num valor total de 42 mil ton. Quando for analisada a quantidade de agrotóxicos por unidade de área, ou seja, total de ingrediente ativo por hectare, o tomate e a batata são os campeões, usando respectivamente 52,5 kg e 28,8 kg. Nesta avaliação a soja fica bem abaixo com 3,2 kg/há.“Infelizmente este é fruto de um modelo de agricultura implantado, o qual visa apenas aumentos sucessivos de produtividade”.
 Em função do modelo agrícola implantado pela agricultura comercial, praticamente toda lavoura tornou-se dependente deste tipo de insumo. “Por um lado, uma excelente ferramenta para o sucesso, por outro um elemento bastante perigoso. Os agrotóxicos são venenos, sendo assim, temos diversos reflexos negativos relacionados ao meio ambiente e a saúde dos seres vivos expostos à ação deles.
Diversos estudos têm comprovado os danos que os ingredientes ativos dos agrotóxicos podem causar aos seres vivos, entre eles: deficiências no sistema hormonal, renal, nervoso, desenvolvimento de câncer, possibilidade de abortos e deformações dos fetos. “Uma das doenças que mais têm crescido nos últimos anos, é a depressão, podendo afetar pessoas expostas à constante contaminação por certos tipos de compostos agrotóxicos”.
Com este alto índice de problemas desencadeados, existem pesquisas que visam diminuir o efeito nocivo sobre os seres vivos e o meio ambiente. “Este procedimento acontece com a diminuição de concentrações de ingredientes ativos e utilização de solventes a base de água, entretanto continuam sendo venenos. Podem ser citados produtos biológicos que a pesquisa desenvolveu, os quais utilizam conhecimentos observados na natureza. Outro fator relevante é o controle biológicos de pragas, onde alguns insetos predadores fazem o controle de outros considerados pragas, assim como temos extratos de plantas existentes na natureza, que podem fazer o mesmo efeito, ajudando desta forma a manter o equilíbrio do ecossistema”.
 Os agrotóxicos não provocam somente problemas a saúde humana e animal, mas também ao meio ambiente, os tóxicos utilizados são levados pelas águas das chuvas ou até pela ação dos ventos no momento da aplicação, muitas vezes atingindo o lençol freático ou até mesmo as fontes superficiais de água, além da possibilidade de atingir espécies importantes da fauna e flora próximas, que são fundamentais para manutenção da biodiversidade e do equilíbrio ambiental.
Por esta razão, Pacheco recomenda primeiramente aos agricultores, fazer uma avaliação da necessidade da utilização de determinado produto, diagnosticando o problema, avaliando o nível de dano econômico, para depois decidir pelo tipo de agrotóxico mais adequado para a situação. “Procure sempre escolher os mais seletivos e com menor impacto ambiental. Outro aspecto importante é a preocupação com o uso dos equipamentos de proteção individual, que irão proteger os aplicadores durante o manuseio de agrotóxicos, quando existir esta necessidade e não deve se esquecer de revisar as condições do equipamentos de pulverização. É valido relembrar sobre a necessidade da tríplice lavagem das embalagens e devolução delas aos revendedores, para que não fiquem atiradas, perpetuando o ciclo de contaminações”, finaliza Pacheco.
 Projeto de lei restringe uso de agrotóxicos no Brasil
A Câmara dos Deputados avalia proposta que proíbe a utilização e o estoque de uma série de agrotóxicos com suspeita de causarem danos à saúde e ao meio ambiente. A medida está prevista no Projeto de Lei 4412/12, do deputado Paulo Teixeira (PT-SP). 
Pela proposta, ficam banidos do país os produtos com os seguintes ingredientes ativos: abamectina, acefato, benomil, carbofurano, cihexatina, endossulfam, forato, fosmete, heptacloro, lactofem, lindano, metamidofós, monocrotofós, paraquate, parationa metílica, pentaclorofenol, tiram, triclorfom e qualquer substância do grupo químico dos organoclorados. Alguns desses agrotóxicos já foram proibidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Outros ainda estão no mercado, mas contam com restrições de uso, ou estão em fase de avaliação.
Pelo projeto, os produtos com glifosato como ingrediente ativo deverão ser reavaliados em até 180 dias após a publicação da nova lei. Até a análise dos possíveis danos causados pelo princípio, esses produtos serão classificados como extremamente tóxicos ou altamente perigosos, com consequentes restrições de uso. De acordo com o projeto, as pessoas que tiverem estoque desses produtos na data da publicação da nova lei deverão devolvê-lo aos fabricantes ou aos importadores, que serão responsáveis pelo seu descarte correto. Caso essas empresas não existam mais, o órgão de registro dos agrotóxicos deverá indicar a destinação necessária para cada produto.
O projeto foi apensado ao PL 713 que tramita na Câmara desde 1999. Agora, falta apenas a votação na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ).
FONTE: http://www.cooperjornal.com.br

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